“O Brasil não tem vocação para a mediocridade.”
Dá pra dizer que o mobiliário 100% brasileiro só foi projetado depois de 1930. As marcenárias procuravam reproduzir o que se usava no exterior, os materiais, o design. Os responsáveis pela cultura da mobilia personalizada eram influenciados principalmente pelas escolas alemãs e francesas. Com a semana de arte moderna de 1922 e a exposição da Casa Modernista construida no ano de 1928, os artistas locais começaram a valorizar um estilo totalmente brasileiro, rompendo com as influências europeias. Foi nessas décadas que revoluções também começaram a acontecer na arquitetura do país, sendo responsáveis pelo inicio dessa mudança Lucio Costa, Warchivchik e Oscar Niemayer, liderados por Le Courbisier.


.::"No Park Hotel, temos estrutura aparente, mas de toras roliças de madeira; amplas vidraças, mas que incluem uma fileira de janelas guilhotina; muita luz, mas filtrada por venezianas de madeira ou cortinas de renda. A aparente simplicidade da arquitetura reserva uma experiência estética muita rica aos seus visitantes. Arquitetura e mobiliário propõe um jogo múltiplo de contrastes sabiamente orquestrado. Contrastes entre volumes, contrastes entre materiais, contrastes formais e cromáticos. Entre a pequenina recepção e o amplo espaço que reúne bar, sala de estar e refeitório. Entre o térreo de amplas janelas envidraçadas e o andar de varandas enfileiradas de treliça. No térreo, entre os espaços cheios (salas de estar e de jogos) bem plantados no solo e o espaço vazio intermediário no qual está situada a varanda suspensa. A parede em diagonal que estreita a sala de estar na proximidade da varanda introduz com maestria a irregularidade. Entusiasmado com o projeto, Lucio Costa desenhou a maioria dos móveis e luminárias. Sua filha Maria Elisa Costa supõe que foram realizados artesanalmente em pequenas marcenarias, serralherias ou oficinas de estofados. Para os quartos e respectivas varandas ele desenhou a cama de pés recuados que parece flutuar; a mesinha de cabeceira fixa de tampo sinuoso; mesas de apoio; a espreguiçadeira regulável; a banqueta para mala; o banquinho e as arandelas. Para a sala de estar: a lareira, a mesa de centro, as mesas de jantar, o bar sinuoso, os bancos altos, o sofá, as poltronas e as luminárias de ferro. Todos os móveis são leves, confortáveis e bem proporcionados. A elegância discreta tem uma presença quase anônima. Ao comparar os esboços aos móveis efetivamente realizados, observamos o aprimoramento no sentido da adequação e da simplicidade. O arquiteto descartou a realização para os quartos de uma mesinha de apoio com estrutura tubular de ferro, que seguia a linguagem industrial de Marcel Breuer, em favor de uma mesinha redonda delicadíssima de dois andares em madeira."::. ( texto - SOS Park Hotel Gilberto Paim).
Graças a sua tremenda organização, Lucio Costa é o arquiteto que tem o maior acervo. Guardava todo tipo de rascunho, hoje catalogados na Casa deLucio Costa.
Sua filha, Maria Elisa Costa, teve o pai como mestre, apresentou-lhe a Le Corbusier a quem a arquiteta se apaixonou pelo traço e foi figura presente em sua infância. O documenetário O Risco: Lúcio Costa e a Utopia Moderna (2002), conta a história da construção de Brasilia e mostra a real importancia desse brasileiro.Além de vários artigos (leia alguns deles aqui no site do vitr uvius), escreveu também o livro Arquitetura (editora José Olympio).Já fomam escritos vários livros póstumos, o mais importante Com a palavra, Lucio Costa, organizado por Maria Elisa Costa (editora Aeroplano).
Graças a sua tremenda organização, Lucio Costa é o arquiteto que tem o maior acervo. Guardava todo tipo de rascunho, hoje catalogados na Casa deLucio Costa.
Sua filha, Maria Elisa Costa, teve o pai como mestre, apresentou-lhe a Le Corbusier a quem a arquiteta se apaixonou pelo traço e foi figura presente em sua infância. O documenetário O Risco: Lúcio Costa e a Utopia Moderna (2002), conta a história da construção de Brasilia e mostra a real importancia desse brasileiro.Além de vários artigos (leia alguns deles aqui no site do vitr uvius), escreveu também o livro Arquitetura (editora José Olympio).Já fomam escritos vários livros póstumos, o mais importante Com a palavra, Lucio Costa, organizado por Maria Elisa Costa (editora Aeroplano).
"Não sou, jamais fui, modernista. Aliás, tenho horror a esse conceito que me soa falso, mas sempre participei dos movimentos de renovação válida."
...::Um recado – e um apelo – de Lucio Costa. Por Maria Elisa Costa
Ouvi tantas e tantas vezes de meu pai a recomendação que segue que faço questão de transmiti-la a vocês que cuidam, sobretudo nas pontas, do nosso patrimônio construído.
Trata-se dos cachorros dos beirais coloniais: os cachorros devem ser BRANCOS, e não pintados de cor, como virou moda de uns tempos para cá. Brancos como são na casa de Chica da Silva e na Biblioteca de Diamantina, ou em todo o conjunto do centro histórico de Paraty.
E isto porque quando se pinta de cor os cachorros, é quebrada a continuidade visual do beiral, assegurada pela monocromia. Os cachorros pintados de cor introduzem uma presença “tracejada” que compromete a intenção da arquitetura, que quer ali uma linha contínua: é como se um pequeno e renitente som agudo perturbasse a linha melódica de uma canção que não o incluía.
Cabe lembrar que Paraty conseguiu recuperar os beirais brancos graças à atuação de Edgard Jacintho, pelo IPHAN – “Educação Patrimonial”, a meu ver, começa por aí.
Uma outra observação diz respeito à questão das cores nas portas e janelas. Quando estive em Goiás, observei que freqüentemente os enquadramentos das portas e janelas e as folhas de madeira cheia são pintados da mesma cor, em tons diferentes (azul escuro-azul claro, vermelho escuro-vermelho claro, etc).
Independente de prospecções, o vocabulário cromático da arquitetura colonial usa outro tipo de acorde, partindo da palheta clássica – azul, verde, vermelho ferrugem, ocre – onde sempre são usadas duas cores diferentes – e não dois tons da mesma cor – ou então a mesma cor, no mesmo tom – os caixilhos das vidraças sempre pintados de branco.
Para concluir, é importante observar que o tom do ocre usado nas igrejas deve ser o mais próximo possível da cor da pedra, ou seja, em geral um ocre mais seco (como no Carmo de Ouro Preto) e menos amarelo do que o que tem sido utilizado em restauros recentes em Minas Gerais::...
Ouvi tantas e tantas vezes de meu pai a recomendação que segue que faço questão de transmiti-la a vocês que cuidam, sobretudo nas pontas, do nosso patrimônio construído.
Trata-se dos cachorros dos beirais coloniais: os cachorros devem ser BRANCOS, e não pintados de cor, como virou moda de uns tempos para cá. Brancos como são na casa de Chica da Silva e na Biblioteca de Diamantina, ou em todo o conjunto do centro histórico de Paraty.
E isto porque quando se pinta de cor os cachorros, é quebrada a continuidade visual do beiral, assegurada pela monocromia. Os cachorros pintados de cor introduzem uma presença “tracejada” que compromete a intenção da arquitetura, que quer ali uma linha contínua: é como se um pequeno e renitente som agudo perturbasse a linha melódica de uma canção que não o incluía.
Cabe lembrar que Paraty conseguiu recuperar os beirais brancos graças à atuação de Edgard Jacintho, pelo IPHAN – “Educação Patrimonial”, a meu ver, começa por aí.
Uma outra observação diz respeito à questão das cores nas portas e janelas. Quando estive em Goiás, observei que freqüentemente os enquadramentos das portas e janelas e as folhas de madeira cheia são pintados da mesma cor, em tons diferentes (azul escuro-azul claro, vermelho escuro-vermelho claro, etc).
Independente de prospecções, o vocabulário cromático da arquitetura colonial usa outro tipo de acorde, partindo da palheta clássica – azul, verde, vermelho ferrugem, ocre – onde sempre são usadas duas cores diferentes – e não dois tons da mesma cor – ou então a mesma cor, no mesmo tom – os caixilhos das vidraças sempre pintados de branco.
Para concluir, é importante observar que o tom do ocre usado nas igrejas deve ser o mais próximo possível da cor da pedra, ou seja, em geral um ocre mais seco (como no Carmo de Ouro Preto) e menos amarelo do que o que tem sido utilizado em restauros recentes em Minas Gerais::...
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