.::Flávio de Carvalho::.

"A arte que interessa é aquela que procura destruir uma suposta verdade".


Quando iniciei a pesquisa sobre Flávio de Carvalho os primeiros artigos foram sobre a "Experiência nº3". Pasmem vocês que o Cara em questão decidiu lançar moda em pleno verão de 1956- a idéia? Saiu desfilando com sua saia plissada, acima do joelho e sandálias. Nem Dior tinha pensado nisso para a mulher na época. Resultado: em 1957 Dior lança a sua versão para revolucionar o guarda-roupas feminino pós guerra. Será coincidência?!
Flavio formou-se em engenharia, atuou como pintor, arquiteto, designer, fez de tudo.
Um dia passeando pelas ruas de São Paulo, encontrou uma multidão na saída da procissão de Corpus Christi, Carvalho recusou-se a retirar o chapeu que usava enfurecendo a multidão. Escreveu:
"Negras velhas de óculos e batinas, grupos de homens de cor segurando estandartes, velas; anjinhos sujos enfeitados com estrelas de papel dourado mal pregadas, mulheres gordas vestidas de cor de rosa com cabelo bem emplastado, olhavam o mundo ao redor com infinita piedade. Uma susseção de gase amarela, de tecidos pretos, veludos, padres rendados, crianças engomadas pintadas e sujas de pó de arroz, olhavam com espanto; freiras gordas e palidas se mexiam como besouros enormes, e o trafego parado. Olhei para catedral e no topo da escadaria, homens beatos que arranjavam como um cuidado sexual, ramos de folhas, flores, panos dourados e coisas em tordo de um altar. (...)"
Segundo um artigo que li ele achava fundamental 'desvendar a alma do crentes por meio de um reagente qualquer que permitisse estudar a reação das fisionomias, nos gestos, no passo, no olhar, sentir o pulso do ambiente'. Carvalho fugiu sendo salvo pela policia de um quase linchamento por provocar os crentes. Foi acusado de Comunista, essa foi sua experiência nº2.
Era um loco, mas eu gostaria de conhece-lo.
Na série Trágica, o artista transformou em atelier o hospital em que sua mãe estava internada.
.::Composta por 9 desenhos, a série possui o ritmo macabro das contorções e sufocamentos das mortes não instantâneas. Cada desenho, um instante, um (des)velamento do morrer e da figura materna. A cada instante, assim como a vida que se esvai, o traço do artista vai tornando-se cada vez mais leve e frágil; abaixo, a mórbida insígnia: minha mãe morrendo::.(mac virtual)
Hoje as obras encontram-se no MAC de São Paulo.


Era um designer completo, projetava tudo em seus trabalhos, inclusive maçanetas, corrimão...
A obra de maior destaque arquitetônico no acervo de Flavio de Carvalho é a sede da Fazenda Capuava, pertencente a sua familia, hoje sedia uma Associação responsavél pelo tratamento de crianças e adolescentes com deficiência, administrada porHeloisa de Carvalho Crisciuma.

Carvalho junto ao bloco prapezoidal, com pé direito de 8m
A cadeira abaixo de extrutura de ferro e encosto de percintas de couro foi desenhada para a Fazenda.


.::O aspecto mais curioso está do lado de fora. Em forma de avião, quando visto de cima, o imóvel deve ser um dos poucos no mundo que não possui frente, fundos ou laterais. Qualquer face parece ser a mais importante aos olhos do observador. Quatro portas permitem a entrada, sendo que uma delas fica em frente à piscina olímpica, para saltos ornamentais. Fiel retrato de seu polêmico idealizador e morador, o imóvel é tido como o marco da arquitetura moderna do Brasil.


Apesar de ter sido premiado em vários concursos com seus trabalhos, poucos foram executados, o que torna a casa mais preciosa. Sua construção foi concluída em 1938. Tombada como patrimônio histórico, em 1982, pelo Conselho do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Cultural (Condephaat), a casa começou a ser reformada em 1994 mas os trabalhos foram interrompidos por falta de verbas da Secretaria Estadual de Cultura.

Em 2003, quando se completaram 30 anos da morte do artista, a família de Flávio se propôs a custear a recuperação da casa. Em contrapartida, pediu para utilizar o local como Área de atividades pedagógicas dos pacientes de uma clínica de equoterapia mantida na fazenda.

Segundo a herdeira Heloísa de Carvalho Crisciuma, a casa será usada para desenvolver atividades de artes, música e educação voltada aos pacientes, cerca de 100 crianças especiais e adultos. Heloísa disse que já está quase concluído o projeto de recuperação, feito pela arquiteta Adriana Monteiro, sob superviSão do arquiteto Flávio Moraes, do Condephaat.
A Associação Cultural Educacional Social e Assistencial (Acesa), resgata capacidade de atuação de crianças, jovens e adultos através da equoterapia (método que utiliza o contato com cavalos como instrumento terapêutico)::.




5 Ah... Comenta, vai...:

Erika Yamamoto Lee disse...

Linda, amei teu blog, tem conteúdo, pesquisa, parabéns.
Atuo na moda, design e sou estudante nas artes plásticas.
Saudações, Érika Lee
www.erikaylee.zip.net e www.erikaylee.com.br

Eduardo A. A. Almeida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo A. A. Almeida disse...

O Flávio de Carvalho foi realmente um grande artista, pena que pouca gente o conhece (e respeita). A roupa que ele usou em "Experiência nº3" está à venda, vc viu?
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u614449.shtml
Parabéns pelo texto. Adorei o jeito como vc escreve.

Eduardo de Almeida
www.eduardoaadealmeida.blogspot.com

Licia disse...

Qual é a empresa que tem o direito de reprodução da poltrona do Flavio de Carvalho? Adorei seu blog. Parabéns!

Licia disse...

Adorei o blog